sexta-feira, agosto 31, 2007

Um anarquista no MIT - Noam Chomsky

Texto de uma entrevista de Noam Chomsky

Eu fui levado ao anarquismo como adolescente, assim que passei a ver o mundo além de um ângulo bem fechado, e desde então, não tenho visto motivos para repensar essa distante atitude.
Considero o anarquismo singularmente válido para procurar e identificar estruturas de autoridade, hierarquia e dominação, em qualquer aspecto da vida, e para desafiá-las. Ao menos que haja uma justificativa, são ilegítimas e deveriam ser desmanteladas, para aumentar o nível de liberdade humana.
Isso inclui poder político, posse e administração, relações entre homens e mulheres, pais e filhos, a nossa responsabilidade no destino das futuras gerações (o imperativo moral básico atrás de qualquer movimento social, a meu ver), e por aí vai. Naturalmente, isso significa desafiar às gigantes instituições de coerção e controle: o estado, às irresponsáveis tiranias privadas que controlam a maior parte da economia doméstica e internacional, e tudo mais.
Mas não apenas essas. É isso o que eu sempre entendi ser a essência do anarquismo: a convicção de que a 'obrigação de se explicar' é da autoridade, e ela deveria ser desmontada caso a obrigação não seja cumprida.
Se eu estou dando um passeio com meus netos e eles se atiram numa rua cheia de carros, usarei não apenas autoridade mas também coerção física para impedí-los.
O ato poderia ser contestado, mas acho que receberia isso com prazer.
E há outros casos; a vida é um assunto complicado, nós entendemos muito pouco sobre as pessoas e a sociedade, e veredictos majestosos são, geralmente, mais uma fonte de dano do que de benefício.
Mas o ponto de vista tem lógica, creio eu, e pode nos conduzir perfeitamente por um bom caminho. Além dessas generalidades, nós também passamos a olhar para situações que são justamente aonde surgem as questões de interesse e preocupação humanas.