sábado, abril 02, 2005

tudo é apenas uma questao de definiçao

Depois de ler algumas das coisas que li especialmente uma coisa que a Maria ( a maria anuviada ) escreveu e com a qual até concordo em parte fiquei com a ideia do que ela disse acerca de tempo ser apenas uma definição.
Quase que como magia recebi um mail com a definição de Caralho no Porto e como podem ver tudo é apenas uma questao de definiçao.

Agora podem ler o texto abaixo:



"Afonso Praça escreveu um "Novo Dicionário de Calão" que merece
compra, consulta e leitura. Não é obra perfeita. Existem falhas.
A maior delas encontra-se na pág. 61 e respectiva definição de
caralho".

Ouçamos:
"Termo chulo para designar o pénis; usa-se também como
expressão de irritação ou revolta".
Certo. Parcialmente certo. Mas só parcialmente. Afonso Praça não teve cuidado com os regionalismos.
Não olhou, por exemplo, para o Porto.
O "caralho" do Porto não é um "caralho" qualquer.
Nem sequer é expressão de "irritação" ou "revolta". O "caralho" do Porto não
agride.
É um "caralho" meigo, nobre, íntimo, expressão sincera de amizade.
No Porto, quando ouvirem chamar pelo "caralho", convém olhar para trás.
O "caralho" podemos ser nós.
O "caralho" é um tratamento entre amigos que se amam e respeitam.
Como "caralho" que são. Ser um "caralho" é ser amigo de alguém. No
fundo, é ser amigo de um outro "caralho".
Aliás, a expressão tem um significado tão profundo, que é sempre acompanhada de um possessivo.
Ninguém é, simplesmente, "caralho". Quando um portuense chama o "caralho" do amigo, trata-o sempre por "meu caralho", ou "seu caralho".
Há um sentido de posse entre "caralho". Os "caralho" pertencem-se.

- Onde é que andaste, meu "caralho"?
- Por aí a pastar. E tu, seu "caralho"?

Claro que existem excepções. Nem toda a gente chega ao estatuto de
"caralho".
No Porto existem também os "caralhos" em potência:
são os "caralhotes" (que Afonso Praça igualmente esquece).
Um "caralhote" é alguém que tem todas as condições para ser "caralho"
mas ainda não chegou lá. Talvez com a idade. Talvez com a
experiência. Ou talvez nunca. Um "caralhote" pode transformar-se em
"caralho" - ou não. Se falhar, não fica "caralho" - isso é que era
doce! Se falhar na carreira da "caralhice", torna-se na mais reles
espécie de "caralho" que existe sobre a Terra. Torna-se azedo.
Pulha. Inimigo do seu amigo.
Transforma-se num "caralhão".

- Quem é aquele "caralho"?
- Aquele "caralho"? Aquele "caralho" é um "caralhão" de primeira.
Nem te conto.

O ideal, portanto, é começar por ser "caralhote" e dar o salto para
o "caralho", fugindo dos "caralhões". E como é que isso se faz? Eu
só conheço uma maneira: evitando "encaralhar".
Tenho dito...