terça-feira, agosto 15, 2006

Alquimia

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Alquimia

A alquimia, precursora da química e da medicina, foi a ciência principal da idade média. A busca da pedra filosofal e da capacidade de transmutação dos metais, incluía não só as experiências químicas, mas também uma série de rituais. A filosofia Hermética era um dos seus alicerces, assim também como partes de Cabala e da Magia.

A magia é a primeira das ciências e a mais caluniada de todas, porque o vulgo obstina-se em confundir a magia com a bruxaria supersticiosa cujas práticas abomináveis são denunciadas.

A Alquimia tomou emprestado da Cabala todos os seus signos, e era na lei das analogias, resultantes da harmonia dos contrários, que baseava suas operações.

Ao longo do tempo, diversos alquimistas descobriram que a verdadeira transmutação ocorria no próprio homem, numa espécie de Alquimia da Alma; diversos outros permaneceram na busca sem sucesso do processo de transformações de metais menos nobres em ouro; afirma-se que alguns mestres atingiram seus objetivos.

A alquimia também preocupava-se com a Cosmogonia do Universo, com a astrologia e a matemática. Os escritos alquímicos, constituíam-se muitas vezes, de modo codificado ou dissimulado, daí, talvez a conotação dada ao termo hermético ( fechada), acessível apenas para os iniciados.

A palavra alquimia, do árabe, al-khimia, tem o mesmo significado de química, só que, esta química, antigamente designada por espargiria, não é a que atualmente conhecemos, mas sim, uma química transcendental e espiritualista. Sabe-se, que al, em árabe, designa Ser supremo o Todo-Poderoso, como Al-lah. O termo alquimia, designa desde os tempos mais recuados, a ciência de Deus, ou seja a química de Al.

A alquimia é a arte de trabalhar e aperfeiçoar os corpos com a ajuda da natureza. No sentido restrito do termo, a alquimia sendo uma técnica é, por isso, uma arte prática. Como tal, ela assenta sobre um conjunto de teorias relativas à constituição da matéria, à formação de substâncias inanimadas e vivas, etc.

Para um alquimista, a matéria é composta por três princípios fundamentais, Enxofre, Mercúrio e Sal, os quais poderão ser combinados em diversas proporções, para formar novos corpos.

No dizer de Roger Bacon, no Espelho da Alquimia, «...A alquimia é a ciência que ensina a preparar uma certa medicina ou elixir, o qual, sendo projetado sobre os metais imperfeitos, lhe comunica a perfeição...»

A alquimia operativa, aplicação direta da alquimia teórica, é a procura da pedra filosofal. Ela reveste-se de dois aspectos principais: a medicina universal e a transmutação dos metais, sendo uma, a prova real da outra.

Um alquimista, normalmente, era também um médico, filósofo e astrólogo, tal como Paracelso, Alberto Magno, Santo Agostinho, Frei Basílio Valentim e tantos outros grandes Mestres hoje conhecidos pelas suas obras reputadas de verdadeiras.

Cada Mestre tinha os seus discípulos a quem iniciava na Arte, transmitindo-lhe os seus conhecimentos. Além disso, para que esse conhecimento perdurasse pelos tempos, transmitiram-no também por escrito, nos livros que atualmente conhecemos, quase sempre escritos sob pseudônimo, de forma velada, por meio de alegorias, símbolos ou figuras.

É isto que dificulta o estudo da alquimia, porque esses símbolos e figuras não têm um sentido uniforme. Tudo era, e atualmente ainda é, deixado à obra e imaginação dos seus autores.

A transmutação de qualquer metal em ouro, o elixir da longa vida são na realidade coisas minúsculas diante da compreensão do que somos. A Alquimia é a busca do entendimento da natureza, a busca da sabedoria, dos grandes conhecimentos e o estudante de alquimia é um andarilho a percorrer as estradas da vida.

O verdadeiro alquimista é um iluminado, um sábio que compreende a simplicidade do nada absoluto. É capaz de realizar coisas que a ciência e tecnologias atuais jamais conseguirão, pois a Alquimia está pautada na energia espiritual e não somente no materialismo e a ciência a muito tempo perdeu este caminho.

A Alquimia é o conhecimento máximo, porém é muito difícil de ser aprendida ou descoberta. Podemos levar anos até começarmos a perceber que nada sabemos, vamos então começar imediatamente pois o prêmio para os que conseguirem é o mais alto de todos.

A Alquimia é uma Arte que se utiliza de grande numero de símbolos, e por isso mesmo muitas vezes há referencias a ela com o nome de Ars Symbollica. O grande símbolo da Alquimia é a borboleta, por causa do efeito da metamorfose. Um dos símbolos que mais aparecem nos trabalhos de Alquimia é a figura do hermafrodita, ou andrógino.

PRIMEIRO SER VEGETAL


O «Primeiro Ser» vegetal é a união íntima dos três princípios alquímicos: Enxofre (óleo essencial), Mercúrio (álcool) e Sal (carbonato de potássio).

Como se sabe, alquimicamente, na natureza existem quatro elementos: Ar, Fogo, Terra e Água. Destes elementos, dois são afins e os outros dois são contrários. Também o azeite ou o óleo essencial e a água, são, como toda a gente sabe, elementos contrários, que quando aquecidos juntos, se repelem violentamente impedindo a sua união.

Preste muita atenção ao que acima vos dissemos, porque da sua boa compreensão depende o êxito desta operação.

Para que o sal da planta possa ser unido intimamente ao enxofre e ao mercúrio terá de ser, antes de tudo, volatilizado.



Volatilização do sal de tártaro


A volatilização do sal é um dos grandes Arcanos vegetais, procurado por muitos e que pouquíssimos artistas conhecem e, aqueles que o conhecem, como nós, pela tradição, não o deverão revelar publicamente mas apenas àqueles que o merecerem.

Volatilizar o sal fixo de uma planta (carbonato de potássio) e fazê-lo passar pelo colo e pelo bico da retorta...JAMAIS! Dirão os homens da outra ciência (químicos)! E, no entanto, para nosso espanto e regalo dos olhos, oh! maravilha da nossa Arte, o sal passa pelo bico da retorta, volatilizado, diáfano como gelo, escorrendo até ao recipiente, como podereis observar na fotografia.

Oh! descrentes e detratores da alquimia, confrontai-vos com esta realidade, e, certamente, mudareis de opinião. E vós, os intelectuais que filosofais sobre a Arte, que direis? Ainda insistis em que ela é só filosófica?

O segredo da volatilização do sal foi sempre ciosamente guardado pelos alquimistas, por isso, bem contra o nosso desejo de ajudar os irmãos na Arte, não o poderemos transmitir publicamente, como já dissemos, em linguagem clara.

Sem a chave (segredo) que se limita apenas a um "toque de mão", baseado na atração-repulsão das matérias envolvidas, como acima vos dissemos, ser-vos-á quase impossível volatilizar o sal, a não ser por casualidade. Assim, Deus vos ajude.

Caridosamente, dentro das nossas limitações, esforçamo-nos para vos assinalar a chave e, se fordes suficientemente perspicazes e tiverdes os conhecimentos necessários para a entender, então tereis êxito.

Se não o conseguirdes, lamentamo-lo, mas a tradição assim nos impõe.

Há dois processos para volatilizar o sal. Um mais longo e moroso, que nos foi revelado por um irmão da Arte, e o outro, mais rápido e expedito, que nós descobrimos experimentalmente. É este último que vamos a descrever.

Colhei, pelo menos, 5kg de Alecrim (Rosmarinus Officinalis) e secai-o à sombra ou ao Sol. Se não conseguirdes encontrar esta quantidade de Alecrim podereis extrair o sal de qualquer outra planta ou até mesmo o sal de tártaro obtido a partir do tártaro bruto dos tonéis.

O ideal seria utilizardes o Alecrim, pois além do sal básico da planta, que é um carbonato de potássio, contém ainda outros sais e mesmo alguns oligoelementos.

Adquiri, ou destilai 100 ou 150ml de óleo essencial desta planta e deitai-o, com a ajuda de um pequeno funil de vidro ou de plástico, pela tubuladura de uma retorta de 250ml.

Colocai a retorta num pequeno forno elétrico ou a gás em banho de areia, com temperatura controlada, como o que podereis ver na fotografia, com um recipiente esférico de 250ml com respirador capilar, situado na pança do matrás perto do colo.

Com a ajuda de um funil de plástico maior que o anterior, deitai, pela tubuladura da retorta, por frações sucessivas e com ajuda de uma pequena colher de aço inox, 30g do sal da planta, devidamente coagulado e tratado como manda a Arte, para que este se possa combinar intimamente com óleo essencial.

À medida que o sal entrar em contacto com o óleo, produzir-se-á uma violenta reação, por isso, é necessário deitá-lo por frações sucessivas. O óleo essencial ficará escuro como café.

Destilai, fazendo ferver "docemente" o óleo essencial. Quando a maior parte do óleo tiver passado para o recipiente e restar no fundo da retorta um líquido espesso como o mel, parai a destilação e deixai arrefecer.

Depois, remetei pela tubuladura todo o óleo destilado. Repeti o processo mais duas vezes e, à terceira vez, destilai quase até ao fim, aumentando um pouquinho mais a temperatura.

Vereis, então, elevar-se do composto um vapor branco que se desloca da matéria, no fundo da retorta e se solidifica como gelo no cimo e no seu colo.

Remetei mais uma vez e destilai, até que o sal tenha saído, na maior parte para o recipiente. Deitai, agora, um pouco de óleo essencial na retorta, para que este, ao destilar, arraste o sal que ainda se encontra depositado no colo.

Quando não houver mais sal no colo da retorta, deixai arrefecer e limpai as fezes com essência de terebintina ou com outro dissolvente adequado para o efeito.

Depois da retorta estar muito bem limpa, vertei pela tubuladura o óleo essencial com o sal incorporado.

Adicionai-lhe a mesma quantidade de um mercúrio vegetal extraído por destilação das sumidades floridas de Alecrim com espírito de vinho canônico, soberanamente retificado a 100 % Vol. Álcool.

Destilai a fogo lento e, no fim, um pouco mais forte. Então, vereis passar o sal como anteriormente, mas desta vez, muito mais cristalino.

Depois de tudo destilado, limpai novamente a retorta e repeti o processo até não haver mais fezes no fundo.

Guardai os três princípios unidos intimamente, num frasco bem fechado, ao abrigo da luz.

O «Primeiro Ser» de Alecrim (Rosmarinus Officinalis) actua em todas as afecções para que esta planta está indicada. É um poderoso estimulante que recupera os doentes com esgotamento físico e intelectual. Pode ser tomado em gotas, por via sublingual, duas ou três de cada vez.

O «Primeiro Ser» é muitíssimo mais eficaz do que o simples óleo essencial, por ter incorporado o sal volatilizado e o mercúrio vegetal.

Quanto ao sal volatilizado que incorpora o «Primeiro Ser», Van Helmont, um famoso médico iatroquímico, convertido à alquimia, diz o seguinte: «o sal de tártaro (carbonato de potássio) volatilizado, pode penetrar no corpo humano até à quarta digestão, resolvendo e fazendo passar os humores excrementosos e as coagulações contra-natura que se encontram nos vasos.

Este sal arrasta com ele todos os resíduos que se encontram nas veias, resolve as obstruções as mais obstinadas, dissipando, assim, a causa material das doenças...»


O uso das vibrações na transmutação

Os alquimistas são os "filósofos da matéria" e têm por objetivo atingir a compreensão da natureza e dominar (conhecer) suas leis, sendo hoje chamada a alquimia de "a arte de alterar ou utilizar as vibrações".

Na concepção alquímica, o Universo originou-se de uma substância única, indiferenciada (matéria prima ou quintessência), a qual polarizou-se em princípios ativo e passivo, derivando daí o mundo manifesto.

Este azoth alquímico corresponde ao conceito ocultista da luz astral (o mesmo veículo ao qual se referem os médiuns que lidam com cura espiritual ou materializações).

A alquimia surgiu provavelmente no Egito, como sugere a raiz grega do nome (khemia = transmutação, fusão, mistura) e corresponde ao nome copta do Egito (Khem = terra negra), segundo Plutarco. Os árabes (que invadiram o Egito em 640), incorporaram esse vocábulo na forma Al-Kimiya (transformação através de Alá).

O fundador mítico da filosofia alquímica é o egípcio Hermes Trismegistos (associado ao deus Toth), mas a lenda cristã a atribui aos anjos, que ensinaram os segredos da natureza a alguns homens ao apaixonarem-se pelas mulheres terrenas.

São quatro os postulados básicos da alquimia:

1)- A unidade do princípio material (matéria prima primordial);

2)- Evolução da matéria ( todos os elementos são radioativos, uns mais outros menos, de forma que ao longo de milhões de anos, mesmos os átomos considerados estáveis, sofrem transformações análogas à dos elementos instáveis);

3)- Os elementos químicos representam estados de evolução (sendo o ouro o mais perfeito);

4)- A transformação é o resultado de uma evolução natural ainda desconhecida do homem, a qual é possível reproduzir em laboratório, sendo este trabalho ao mesmo tempo espiritual e material (ora et labora = reza e trabalha; de onde vem a palavra laboratório = labor + oratório).

Segundo Frater Albertus, "ervas, animais e metais – tudo cresce a partir da semente". Esta "semente" é denominada spiritus ou astra.

Os metais, como seres vivos, podem estar sujeitos a doenças diversas, como comprovam alguns experientes radiestesistas ou radiônicos, inclusive eles podem até 'morrer', e geralmente os metais que empregamos estão realmente mortos, uma vez que perderam seu spiritus.

O uso de alguns destes metais 'adoecidos' ou de ligas metálicas cuja combinação se origina de metais de caráteres diversos, pode precipitar o surgimento de diversos males.

Segundo a filosofia alquímica e os princípios da magia, os sete metais planetários são os que mais acumulam spiritus de natureza análoga à "influência" planetária correspondente. Eles apresentam um ritmo energético oscilante, de acordo com a posição do astro a ele associado (é o "biorritmo" do metal).

Como o próprio Hahnemann (fundador da homeopatia) comprovou, as coisas que são de alguma maneira semelhantes na natureza de suas vibrações características têm afinidade entre si. Isto é conhecido como "Princípio das Correspondências ou Concordâncias".

Os florais e a homeopatia baseiam-se em princípios elementares da alquimia herbácea (alquimia vegetal, que compõe a "Pequena Circulação", em contraposição à alquimia mineral ou "Grande Circulação"). Em ambos os casos, o princípio ativo é a quintessência dos elementos impregnada num catalisador (água ou álcool).

A alquimia é, antes de mais nada, um sistema de autotransformação. O caminho é ao mesmo tempo espiritual e material. Existem duas vias para o pesquisador:

a via húmida e a via seca (ou a do sábio e do filósofo). Uma é mais rápida do que a outra; no entanto, é muito mais arriscada.

A transmutação ocorre livre na natureza e intriga diversos pesquisadores: como é possível que uma galinha, cuja ração é absolutamente carente de cálcio, possa gerar ovos, sabendo-se que a descalcificação de seus ossos não responde o suficiente para o processo? Como um pinto recém-nascido pode ter mais cálcio do que a gema que o gerou?

Estes e muitos outros mistérios serão esclarecidos no dia em que o homem se debruçar sobre o conhecimento antigo, sem preconceitos, e estudá-los com afinco, como nos diz Fritjof Cappra ("O Tao da Física")...

Alkaest

O verdadeiro alquimista sabia que o objetivo da Arte Real não era transmutação dos metais : era a transmutação do próprio alquimista. Mas a tradição diz que o alquimista visava algumas descobertas, dentre as quais cito algumas, como por exemplo :

A descoberta da Pedra Filosofal, que transforma metais em ouro ;

A descoberta do Elixir da Longa Vida ;

A descoberta da Panacéia Universal, que cura todas as doenças ;

A descoberta do Alkaest, um ácido que dissolve qualquer matéria .

A respeito do Alkaest, uma curiosidade é que muitos alquimistas realmente tentavam descobri-lo, mas só depois de muito tempo alguém pensou melhor e chegou-se à conclusão de que não se poderia faze-lo, porque, se o Alkaest dissolveria qualquer substância, onde iriam guardá-lo?

Se existisse um recipiente capaz de contê-lo então não seria o Alkaest, que por definição é um solvente universal. Assim, na Idade Média, entre os alquimistas mandar alguém ir descobrir o Alkaest tinha o mesmo significado que hoje teria mandar alguém ir plantar batatas, era uma anedota.