quinta-feira, novembro 06, 2008

Carta de amor

Maria Francisca,

É com enorme saudade que te escrevo esta missiva sentindo o meu coração apertado por estar longe de ti.
Muito embora as coisas mundanas passem por mim sem as sentir, porque o meu pensamento apenas está ocupado pela tua pessoa, sinto que tenho de tratar de algumas das coisas pendentes que deixastes em aberto relacionado com o apartamento, mas mesmo nessas o meu pensamento está sempre em ti e os meus olhos ficam marejados com a saudade que sinto da tua pessoa.
O senhorio queixou-se de que a bacia da casa vazava para o andar de baixo e logo me veio ao pensamento aquele dia em que estavas tu a lavar os dentes quando eu passava pelo corredor, e nessa manhã a tua visão deixou-me louco, ver a tua silhueta marcada por aquela camisa de dormir esvoaçante, os teus dentes brancos da pasta de dentes e a sensualidade da escova de dentes entre os teus lábios.
Lembras-te Maria Francisca de me ter encostado a ti e tu aninhares as tuas costas contra o meu peito enquanto eu te sussurrava ao ouvido o quanto te amava.
A pressão das tuas costas a aumentar contra o meu peito e no desalinho que foi quando escorrei no sabonete que estava no chão e te fiz bater com os queixos na borda da bacia fazendo-a sair da sua posição original enquanto ambos sentados no chão nos riamos de forma perfeitamente idiota sem saber se era da dor ou do amor.
Minha flor, agora tenho de ir comprar comida para o gato porque o desgraçado também está apaixonado pela gata da vizinha.
Um beijo grande e aguardo pela tua volta no próximo barco da Trafaria, espero que não te esqueças de passar pelo “McDonalds” e comprar o jantar.

Deste que te ama muito,
António Jacinto