quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Teorias do envelhecimento

“Teoria do Wear and tear”

· Uma das teorias, durante muito tempo aceite, e até recentemente a mais divulgada e estudada, é a teoria de “Wear and Tear”. Ela é a percursora do conceito de “falhas na reparação” e persiste até hoje pois é reforçada pelas nossas observações de todos os dias.

“Teoria do dano oxidativo”

· Excepto aqueles organismos que estão especialmente adaptados para viver em condições anaeróbias, todos os animais e plantas requerem oxigénio para eficaz produção de energia. Cerca de 95% de energia metabólica é produzida nas mitocôndrias. Se essa reacção é bloqueada perdemos consciência e morremos muito rapidamente.

Teoria do “Wear and Tear”

Todos os organismos estão constantemente a ser expostos a infecções, feridas ou doenças que causam danos menores nas células e tecidos, que nunca chegam a ser reparados completamente. Por exemplo, um membro quebrado, pode sarar, mas nunca volta a ser tão forte como inicialmente. À medida que um organismo vive e envelhece vai acumulando mais e mais destes danos menores. Esta erosão progressiva pode contribuir para uma diminuição da eficiência funcional de todo o sistema.

Em 1891, August Weisemann acreditava que este desgaste gradual das células somáticas era a causa mais marcante do envelhecimento.

Hoje em dia podemos apresentar pelo menos três argumentos lógicos para contrariar esta teoria. Animais criados num ambiente que os proteja de todas estas contrariedades, não só não deixam de envelhecer, como não apresentam nenhum aumento da sua longevidade. Por outro lado muitos destes danos menores não são causa per si do envelhecimento, por exemplo, partir uma perna não provoca um súbito envelhecimento, embora possa ter as suas consequências, não são um mecanismo causal. Por fim, avanços no nosso conhecimento da célula e na biologia molecular criaram a necessidade de explicar o conhecimento celular e orgânico em termos mais precisos e microscópicos.

À medida que mudamos de níveis de organização mais anatómicos para um nível mais celular ou molecular, vamos descartando esta teoria embora no entanto alguns dos princípios por detrás dela continuem a constituir a base para a maioria das teorias estocáticas intracelulares.

“Teoria do dano oxidativo”

Sabe-se há já muito tempo que grandes concentrações de oxigénio se tornam tóxicas para plantas e animais. O oxigénio é tido como factor de aumento dos efeitos do dano da radiação ionizante, nas células vivas. É preciso três vezes menos radiação para matar uma célula numa atmosfera de oxigénio, em comparação com uma atmosfera de nitrogénio. Os efeitos do dano do oxigénio afectam quase todos os tecidos que constituem um organismo, embora o dano em si dependa da espécie, do tecido estudado, das condições fisiológicas, da idade e da dieta do organismo.

Ironicamente, a molécula da qual dependemos para a nossa vida também contribui para a nossa morte.

Das várias explicações apresentadas para explicar a toxicidade do oxigénio a mais divulgada e largamente aceite descreve os efeitos do oxigénio a nível de dano celular como causado por radicais livres. Estas moléculas são induzidas a formar na presença de oxigénio e estão implicadas em mais de sessenta disfunções, tal como doenças cardíacas, cancro e cataratas. Também parecem ser um dos principais factores responsáveis por mudanças corporais características da idade e da senescência.

Um radical livre é definido como sendo uma espécie química que possui um número ímpar de electrões, sendo por isso muito reactiva, pois são termodinamicamente instáveis e procuram ligar-se a outras moléculas para desemparelhar o seu electrão livre. Estes radicais podem ser produzidos por exposição a agentes tóxicos, e por processos enzimáticos que os produzam e libertem.

O problema com os radicais livres é que eles se propagam indefinidamente, alterando a nível molecular, as estruturas da célula. Este ciclo contínuo de propagação e dano celular é parado quando dois radicais se encontram ou quando matéria anti-oxidante anula o radical.

A maior parte do metabolismo oxidativo processa-se na mitocôndria. Este organito está estruturalmente isolado do resto da célula, e compreende dentro de si uma grande concentração de agentes anti-oxidantes, embora o citoplasma contenha, em menor concentração, outro tipo de agentes anti-oxidantes.

A teoria do dano oxidativo postula que a maior parte das mudanças fisiológicas relacionadas com a idade podem ser atribuídas a dano intracelular causado por radicais livres, sendo o dano ao DNA o exemplo mais importante.

Além disso foi comprovado que o controlo de dano oxidativo e o desenvolvimento das defesas anti-oxidantes em Drosophila e C. elegans, está directamente relacionado com a esperança de vida.