domingo, agosto 20, 2006

Complexo de Electra


O equivalente feminino do Complexo de Édipo tomou o nome de Complexo de Electra, expressão introduzida por Yung.
Segundo um mito grego Electra teria concebido da sua união com Zeus a Harmonia. Mas sobretudo a personagem de Electra é especialmente conhecida pela tragédia grega como sendo filha de Agamémnon, rei de Micenas e chefe das forças gregas contra Tróia, e de Clitemnestra, a qual era amante de Egisto. Este com a sua amante planeavam matar Agamémnon, depois do seu regresso da guerra, e usurpar o trono. Electra sente-se devorada pelo desejo de vingar o pai, a quem muito amava, fazendo com que matem sua mãe e o amante. Mas não foi ela a matá-los com as suas próprias mãos, incitou o seu irmão Orestes a realizar esse gesto e depois ajudou-o a enterrar o punhal. Depois de uma fase de fixação afectiva na mãe, durante a primeira infância, a jovem apaixonou-se pelo pai e tem ciúmes da mãe; ou então se não for correspondida pelo pai, tenderá a virilizar-se, para seduzir a mãe, ou recusando qualquer casamento, inclinar-se-á para a homossexualidade. De qualquer das formas, Electra simboliza o Amor passional pelos pais, muito especialmente e em primeiro pelo pai, ao ponto de os reduzir à igualdade pela morte. Nesta espécie trágica dum equilíbrio fúnebre pedindo aos deuses "justiça contra a injustiça" Electra alcança o símbolo do mito ao restabelecer a Harmonia desejada!
Esta lenda mitológica serviu como tantas outras para esclarecer com base científica muitos distúrbios humanos tanto a nível psicológico como mental.
Assim Freud mais tarde explica, que satisfeitas as necessidades básicas da fome e da sede, e segundo este psiquiatra o Id que é uma das 3 bases arquitectónicas do psiquismo (além do Super-Ego e do Ego) é conduzido pelos impulsos sexuais e por vezes agressivos. Segundo a teoria freudiana a criança é atraída sexualmente em relação ao progenitor do sexo oposto, e de princípio rejeita e teme o do mesmo sexo.
A rapariga pode sentir uma grande atracção, paixão pelo pai e rivalidade em relação à mãe. Mas o desejo relativamente ao pai é contrariado por várias condicionantes, o tabu, o proibido, o medo de ser descoberta, e isto explica psicologicamente a tendência de muitas mulheres para amores secretos e socialmente proibidos. A relação da rapariga com o pai, se este a facilita, diminui a sua autoridade, e pode a situação ser conduzida ao incesto. As proibições não são interiorizadas na rapariga da mesma maneira que no rapaz sendo a formação do Super-Ego menos marcante.
A interdição que incide no Incesto constitui para os dois sexos, a limitação mais importante da sua sexualidade. A atracção sexual sentida pelo pai ou pela mãe permanece na qualidade de primeira experiência amorosa, por vezes como modelo de todo o amor futuro.
A rapariga vive a fase fálica duma maneira diferente que no rapaz. Como foi dito, já no Complexo de Édipo, esta fase é o resultado dum conflito de desejos pulsionais e profundos recalcamentos gerados em muitas situações no decorrer da infância.
A fixação nos orgãos sexuais é obsessiva por vezes tanto no rapaz como na rapariga, e uma curiosidade premente leva a criança à descoberta do sexo oposto. Portanto a fase fálica na rapariga não é vivida da mesma forma que no rapaz. Nele gera o "complexo de castração", pois vive com mais interioridade a proibição, e sente-se castrado pelo rival, a rapariga não interiorizando tão profundamente a proibição gera o "complexo dum desejo sexual" fixando o orgão do sexo oposto. A menina é mais precoce na actividade sexual especificamente na masturbação, pois com cerca de 3 a 4 anos pode atingir orgasmos, criando uma obsessão e um isolamento para a prática do acto. Estes complexos originam mais tarde mais ou menos graves distúrbios psico-sexuais, tornando-se mais graves nos homens, assim como às neuroses e às perversões.
Na verdade a falta de cultura dos adultos, a ignorância consentida muitas vezes (torna tudo mais fácil), o medo de falar sobre assuntos tão naturais como a própria Natureza leva a desabrochar precocemente instintos básicos, primários nas crianças, que passam pela obsessão em que vivem recalcadamente a desconhecer outros valores na infinitude do leque da Vida que certamente os tornariam mais tarde adolescentes e depois adultos mais saudáveis, mais felizes!
O facto de se esconder aos jovens o papel que a sexualidade virá a desempenhar nas suas vidas conduz a uma deseducação trágica e às mais funestas perversões sexuais. Só produzem seres ansiosos profundamente inibidos no domínio afectivo e angustiosamente dependentes. As raparigas procuram frequentemente, e a nível inconsciente, nos homens o pai. O Complexo de Electra é muito mais, pois leva muitas mulheres já casadas a continuarem a ser perseguidas pelos pais, e elas a segui-los … irresistivelmente, numa luta titânica, num conflito gerado depois de culpas oprimidas, de vergonhas recalcadas! Muitos homens tal como as mulheres fazem com os seus filhos, permitem-se dormir com as suas filhas – meninas. Eles sabem que tem importância …
Muitos distúrbios psico-sexuais seriam inexistentes, se os valores criados na mente humana elevassem o Homem à dignidade, à Verdade sem omissões nem cobardes fugas, ao Amor traduzido nas mais salutares manifestações de afectividade. Se os valores criados na mente humana elevassem o Homem à Coragem, à Justiça, à Lealdade, e à vontade indómita de adquirir conhecimentos profundos da sua não menos profunda e imensurável actividade psíquica, na humanidade reinaria mais Harmonia, mais Amor!

Prontos agora as meninas podem divertir-se