domingo, agosto 20, 2006

Rosslyn, os Sinclair e os Templários

ligação entre os Sinclairs e os Templários já remonta a própria fundação da ordem. O fundador e primeiro Grão-mestre da Ordem do Templo, Hugo de Payens, foi casado com Catherine St Clair. Hugo e Catherine visitaram as terras dos St Clair de Rosslyn e lá estabeleceram a primeira comendadoria dos Templários na Escócia, no qual se tornaria o quartel-general naquele país. Além do casamento entre Hugo e Catherine, muitos outros St Clairs foram iniciados na Ordem do Templo, assim como grandes doações a Ordem foram provenientes desta família. Vista lateral da Capela de Rosslyn.

Essa ligação foi tão forte que, depois da queda dos Templários, muitos cavaleiros conseguiram refúgio seguro na Escócia. Haja visto que, nessa mesma época, a Escócia fora excomungada. Muitos templários acabariam ajudando então a Robert the Bruce na famosa batalha de Bannockburn, no dia 24 de junho de 1314 (dia de São João). Nessa batalha a forças de Robert romperam os grilhões com a Inglaterra. Uma sociedade secreta contemporânea chamada "Scottish Knight Templar" – Cavaleiros Templários da Escócia – ainda hoje comemora a batalha de Bannockburn na Capela Rosslyn o dia em que “o véu foi levantado dos Cavaleiros Templários”. Um dos cavaleiros templários que lutou ao lado de Robert the Bruce foi Sir. William St Clair, morto em 1330 e enterrado em Rosslyn. Esta famosa batalha fora recentemente narrada, de forma romântica, no filme “Coração Valente”, estrelado por Mel Gibson, onde o mesmo interpreta o papel de William Wallace, herói local na época que lutava pela independência da Escócia.

O fato dos Sinclairs tomarem a iniciativa de construírem uma capela cristã é, no mínimo, curioso. Sabe-se que, na Idade Média, as atividades dos Sinclairs eram de promover celebrações ditas na época “pagãs”, assim como proporcionar acampamentos seguros aos ciganos (o povo cigano é conhecido por cultuarem a Santa Sara Kali, e a lenda da Virgem Negra e o Santo Graal). Muitas autoridades acreditavam haver uma “Virgem Negra” na cripta da Capela de Rosslyn.

São João, Os Sinclair e a Maçonaria:

“Na tradução de escritos de Renè d’Anjou’s sobre cavalaria e governo, num canto da folha está escrito:

Somando o nome de São João

ao nome de Jesus e Maria é

incomum, mas ele foi venerado

pelos gnósticos e pelos

Templários...

Outro contundente atributo do rodapé é o uso do Agnus Dei, o cordeiro de Deus... Na Capela Rosslyn, o Selo Templário e o Cordeiro de Deus também estão esculpidos.”

Andrew Sinclair – The Sword and the Grail (1992)

Curiosamente, São João foi uma constante cultuada por templários, Sinclairs e Maçonaria. Assim como a sua data, 24 de junho, é data de grandes acontecimentos:

  • 24 junho 1314 – Batalha de Bannockburn: os Templários ajudam Robert the Bruce a tornar a Escócia livre da Inglaterra. O Templário Sir William St Clair faz parte dessa batalha;
  • 24 de junho de 1717 – Fundação da Grand Lodje of London: a data oficial da fundação da maçonaria moderna e especulativa;
  • 24 de junho de 1837 - maçons escoceses em assembléia: esta decidiu que se enviassem e renovassem os títulos de todas as lojas escocesas. E pediram a renúncia que fazia o chefe da família Rosslyn, William St Clair, ao Grão-Mestrado dos maçons da Escócia. Assim aceita esta renuncia, seguidamente foi aclamada a Grande Loja Maçônica.

Mesmo com todo o mistério, a construção dessa capela, ficou por conta das corporações de artífices nas quais os St Clairs eram senhores há séculos. Sob orientação dos St Clairs, os membros escolhiam os candidatos adequados para receber suas instruções ligadas a construção e “geometria sagrada”. Temas como geometria, história, filosofia, entre outros. Essa nova irmandade de pedreiros-livres criou uma instituição de caridade para apoiar os membros mais pobres da sociedade.

Entretanto, não se pode deixar passar o fato de que os Templários forma os precursores do estilo gótico. E chegaram a estabelecer uma regra de vida e trabalho a uma corporação de ofício chamada “Filhos de Salomão”. Com a queda da Ordem, muitos se refugiam na Escócia. As corporações de pedreiros-livres da Escócia também dá acolhimento aos templários.

Nascia, assim, o primeiro modelo de Maçonaria: pedreiros e não pedreiros, versados em altos conhecimentos, que se reuniam em uma confraria e faziam caridade.

Rosslyn e o Santo Cálice:

Parece que o cerco sobre o Santo Cálice realmente culmina em Rosslyn. Como foi visto anteriormente, é natural a especulação sobre a posse do Santo Graal por parte da Ordem do Templo, desde as Cruzadas, ou mesmo devido ao estreito relacionamento da Ordem com os cátaros, no sul da França, onde estes poderiam ter custodiado o Santo Graal desde os primórdios do desembarque do genro de Arimatéia naquela região. Na mesma linha de raciocínio, temos a perseguição aos templários e o refúgio destes na Escócia, sobre a proteção de Robert the Bruce. Por fim, temos Rosslyn.

O investigador Trevor Ravenscroft reivindicou em 1962 a descoberta do paradeiro do Santo Graal em Rosslyn, contradizendo-se com relação à natureza do Santo Graal. Ravenscroft apresenta uma confusa teoria, ora alegando o Graal ser um objeto, ora alegando o Graal ser uma forma de segredo ou conhecimento, afirmando que o paradeiro do Santo Graal está no interior da Capela.

Sua pesquisa de mais de vinte anos a procura do Santo Graal revela que as paredes da Capela de Rosslyn são documentos que registram segredos ainda ocultos para o público em geral, ao mesmo tempo em que afirma existir um objeto encravado no Pilar do Aprendiz. Este objeto fora detectado utilizando detectores de metais e concluiu-se, nestes procedimentos, que realmente haveria um objeto na pilastra do tamanho apropriado para um cálice e exatamente no meio desta. Os responsáveis atuais pela capela recusam-se a permitir que o pilar seja radiografado