quarta-feira, agosto 24, 2005

Meus caros No meio de tanto taoismo. Zen etc, achei que seria boa ideia meter aqui um texto sobre um olhar para o Oriente de 4 pensadores portugueses.


Os caminhos do oriente no pensamento português contemporâneo
- entre José Marinho, Antero de Quental, Sampaio Bruno e Fernando Pessoa.


Não obstante ser um país do Ocidente, do extremo-Ocidente, não obstante ser o país mais ocidental da Europa, Portugal nunca perdeu de vista o Oriente. Ele foi sempre, nas suas navegações, nas suas viagens, através de todos os ventos, para além de todos os desvios, o seu, o nosso Norte, o seu, o nosso Horizonte.
Dissemos "não obstante" quando, porventura, deveríamos ter dito, ter escrito, "por isso mesmo", "precisamente por isso". Pois que, porventura, é precisamente pelo facto de Portugal ser um país do Ocidente, do extremo-Ocidente, o país mais ocidental da Europa, que ele nunca perdeu de vista o Oriente. Tal como o Homem ama a Mulher precisamente porque ela é o seu Outro, assim também nós amamos o Oriente precisamente porque ele é o nosso Outro…
Como aqui veremos, é precisamente assim, como o nosso Outro – do nosso ser, do nosso próprio pensar –, que alguns dos nossos filósofos contemporâneos olham para o Oriente. Tal o que, de uma forma mais detida, veremos a respeito do pensamento de José Marinho, e, de passagem, a respeito do pensamento de Antero de Quental, de Sampaio Bruno e de Fernando Pessoa.
Antes disso, importa, contudo, esclarecer desde já o seguinte: essa viagem que esses nossos filósofos encetam rumo ao Oriente não é uma viagem de regresso – nem de regresso à origem, nem, muito menos, de regresso ao passado. Muito pelo contrário. E isto, muito simplesmente, porque esse Oriente que eles visam não é o Oriente do nosso passado, o Oriente de que todos nós partimos na aurora do tempo, da história, mas o Oriente do nosso próprio futuro, precisamente esse Outro que importa ser, precisamente esse Outro que importa pensar.
Tal, desde logo, o que já de seguida veremos a respeito do pensamento de José Marinho, da sua própria viagem…
Para José Marinho, com efeito, o Oriente não simboliza, de modo algum, o tempo passado, mas, ao invés, o tempo, "o fluxo de tempo", que "não chegou a ser", que ainda "não chegou a ser", qual "aurora de um dia ainda impossível". Tal o que ele próprio expressamente nos diz – nas suas palavras: "Nós empregamos Oriente no sentido real e simbólico: como fluxo de tempo que não chegou a ser, como semente que não germinou, como aurora de um dia ainda impossível. Oriente é, para nós, a autêntica pré-história, a sub-história, o Paraíso Perdido.".
É certo – replicarão os mais conhecedores da obra marinhiana – que José Marinho nos fala de uma "tradição mais antiga", "mais remota", da qual, como chegou mesmo a escrever, "estão mais perto os indus e os orientais".É certo – replicar-se-á ainda – que José Marinho chegou mesmo a referir-se ao "saber do Oriente", ao "pretérito saber do Oriente".Simplesmente, replicaremos agora nós, José Marinho em momento algum pretendeu tornar-se um mero porta-voz desse dito "saber do Oriente". Muito pelo contrário. O "saber do Oriente" a que ele reiteradamente se refere, enquanto "saber outro" – ou, mais precisamente, enquanto "saber do Outro" –, é um saber que ele próprio descobre ao longo da sua própria viagem…
É aliás por isso que esse saber é fiel a essa "mais remota tradição", não fosse muito mais fiel à tradição aquele que a reinventa, assim a renovando, do que aquele que apenas a repete, assim a petrificando – ainda nas palavras do próprio José Marinho: "Quando referimos o significado e valor da tradição, entendemos, como é evidente, uma tradição viva: não pode esta transmitir ideias feitas, conceitos definitivos, razões indeclináveis. A tradição transmite, sim, a virtualidade incessantemente aberta de conferir o que foi aceite como verdade, com os renovados modos de apreender a mesma verdade, e o labor que requer compreendê-la e explicitá-la.".
Para nós, ocidentais, o Oriente só se pode aliás descobrir dessa forma: através de uma viagem, não através de uma simples "conversão". Através de uma simples "conversão" nada, aliás, descobriremos… Só, ao invés, através de uma viagem, de um caminho percorrido por nós próprios, passo a passo, poderemos, em última instância, aceder a esse Oriente de que nos fala José Marinho. Tanto mais porque esse Oriente não se encontra nas nossas costas mas, inversamente, no limite, no extremo limite, do nosso horizonte, do horizonte da ocidentalidade…É a Ocidente, no extremo-Ocidente, não o esqueçamos, que o Sol se põe. Ora, esse Oriente aqui em causa está precisamente aí: para além da linha do Horizonte, para além da linha onde o Sol se põe e a ave de Minerva levanta o seu sófico voo.
Não fosse, precisamente, quando a luz do Sol se oculta que a luz do próprio Espírito se desvela…
Daí, desde logo, todo o simbólico alcance da caracterização que José Marinho faz do nosso povo – enquanto "povo do crepúsculo"–, do nosso próprio país – enquanto "país do sol poente", "do sol posto", ou seja, diremos agora nós, enquanto o país que, precisamente por ser o mais ocidental, o mais extremo-ocidental, é o que mais próximo está desse Oriente que só se desvela quando a luz do Sol se oculta… –, na esteira, aliás, da caracterização que havia já sido feita pelo seu "mestre" Teixeira de Pascoaes. Daí, nomeadamente, a sua imagem da Ibéria como o "túmulo do Sol" contraposta à imagem da Grécia como o seu "berço", daí ainda a sua afirmação de que "o génio ibérico foi sempre anti-helenista, duma originalidade selvática aprofundada pelas sombras do Crepúsculo".
Ainda na esteira de Pascoaes, não deixou igualmente Marinho de contrapor a nossa mundividência à mundividência helénica. Daí, nomeadamente, o ter dito, a respeito de Sampaio Bruno, que "não se liga à meditação do nosso estranho pensador aos raios do claro Apolo, à gloriosa e triunfante verdade de Zeus", mas à "luz que emerge da grande sombra ou noite originária", mas ao "astro de Saturno que emerge da Noite remotíssima" – não estivesse "o segredo de tudo quanto os olhos supõem ver e as mãos iludem tocar no mais remoto e invisível", "no invisível obscuro". Daí, nomeadamente, o ter falado, a respeito de Bruno e de todos os outros pensadores portugueses "mais significativos", de "uma família de espíritos da mais remota ascendência: a daqueles cuja inspiração mítica, cujo logos formador não está no radioso Apolo, na clara luz solar, mas no divino oculto, nas constelações invisíveis", contrapondo-os aos "nada sábios mas astutos fiéis de Zeus".
Daí ainda a caracterização que José Marinho faz de todos os habitantes desse dito "país do sol poente", ou do "sol posto" – caracterizando-os como "tardios filhos da Grécia e do Cristianismo", ou como "extremos e incertos filhos da latinidade e do cristianismo nas terras do sol-posto" –, caracterização essa que privilegiadamente restringe ao povo português, que chegou a qualificar como – palavras suas – "povo extremo da Ibéria, povo extremo, cabe longamente pensá-lo, não da Europa mas da Eurásia, povo que recusa por igual, num sentido, a contraposição de Apolo e Dioniso, e, noutro sentido, a mística absorta ou o grandioso drama humanizado, mas sem saída, de D.Quixote e Sancho Pança".Esporadicamente, porém, estende-a a todos os ibéricos. Daí, nomeadamente, o ter chegado a afirmar que "constituímos na Europa uma autêntica península no sentido espiritual e mais pleno do termo".
Sinal disso é, ainda segundo José Marinho, a diferença existente entre a nossa filosofia e a "filosofia de além-Pirinéus": "Se, com efeito, em nós, peninsulares, foi demasiado obsessivo o sentido dos fins, a filosofia de além-Pirinéus demorou-se bastante pelos caminhos e meios da natureza e da natural razão, da cidade e da razão da cidade.". Enquanto "povo extremo", enquanto povo que habita no extremo-Ocidente, o povo português tem, ainda segundo o nosso pensador, afinidades com outros povos extremos, nomeadamente com os povos eslavos, que habitam no outro extremo, no extremo leste, do Ocidente – ainda nas suas próprias palavras: "Tanto como a Espanha, ou os povos eslavos, e mais talvez do que eles, a situação do nosso povo é diferente e sob certos aspectos contrastantes da dos povos da Europa.". Aliás, José Marinho chega mesmo a dar exemplos dessas afinidades, ao aproximar o pensamento de Sampaio Bruno e de Leonardo Coimbra do "grande pensamento da tradição eslava", nomeadamente do de Wronski, Soloviev, Chestov e Berdiaeff.
A mesma aproximação poderia aliás ter feito a respeito da sua própria filosofia, porventura ainda com maior pertinência…
Ao fazer todas estas considerações, tem contudo José Marinho o cuidado – e a lucidez, sobretudo isso!… –, de não opor a "filosofia portuguesa" à "filosofia europeia". Em primeiro lugar, porque, tal como não há uma "filosofia puramente portuguesa", assim também não há uma "filosofia puramente europeia" – aliás, como chegou mesmo a escrever Marinho a esse respeito: "Tal pura filosofia nunca existiu, tal tradição entendida univocamente é um preconceito cultural, nada tem que ver com a autêntica filosofia e as suas sempre várias formas. Hoje, considerado em perspectiva realista, não idealizada, não convencional, a filosofia do século XIX e a dos nossos dias, revendo a partir do que somos e é o homem o pensar da Europa, podemos com segurança saber e dizer que não há filosofia pura, poesia pura, religião pura.".Em segundo lugar porque, havendo entre elas diferenças, há igualmente entre elas afinidades. Daí o próprio José Marinho caracterizar a "situação do pensamento português" como "diferente mas afim do pensamento europeu dos nossos dias".
Aliás, Marinho chegou mesmo a indicar, a respeito de Heidegger, uma "convergência entre a filosofia europeia e a filosofia portuguesa", indicação essa que reforçou ao dizer-nos que "é problema de máximo interesse a relação da nossa ontologia ou onto-fenomenologia, com as formas de análogo signo do pensamento alemão contemporâneo", de modo a podermos "empreender aquela nova compreensão do homem e do divino que desponta já" – como ele próprio escreveu, curiosamente numa carta dirigida a Álvaro Ribeiro: "…se nos importa penetrar as mais vastas perspectivas dos germânicos não é para segui-los, mas antes para empreendermos aquela nova compreensão do homem e do divino que desponta já. Talvez, na melhor poesia portuguesa moderna e no pensamento português está afirmando-a um pouco inconsciente ainda de si mesma: Antero-Bruno-Leonardo. Mas isto sem ideia de nacionalismo! Apenas penso que os povos periféricos da Europa, e os ibéricos entre eles, poderão caminhar para a nova harmonia da razão e da experiência, e do ideal e do real, do compreender e do visionar, que será o laço de harmonia do Oriente e do Ocidente, do grego e do hindú, do português e do guineense, do italiano e do abissínico.".
Ainda para Marinho, esse é, aliás, o sentido de "toda a evolução do pensamento filosófico moderno" – daí, nomeadamente, o ter-nos dito que toda essa evolução "nos encaminha justamente para precisar de nova maneira a essencialidade do conhecimento filosófico, estabelecendo de nova maneira a relação entre filosofia e ciência, filosofia e vida, conhecer e ser", nessa medida, a própria relação entre ser e verdade… Ao ouvirem estas palavras, considerarão alguns que José Marinho foi, nesta passagem, demasiado optimista, demasiado ingénuo, sobretudo quando antevê uma "nova harmonia" entre ser e verdade, ou seja, entre "Deus", "o ser da verdade", e todos os seres, e o próprio homem, precisamente numa época em que nunca o homem e "Deus" estiverem tão afastados, a ponto de, aparentemente, o homem ter negado "Deus" para sempre. Tal não se verifica, porém. Marinho tinha plena consciência dessa situação – tanto a tinha que chegou a caracterizar a modernidade como a "época da cisão extrema" , ou seja, como a época em que essa "situação de extrema separatividade [do homem] em relação a Deus e à Natureza"se cumpre plenamente.
No entanto, para Marinho, "a grandeza da civilização moderna" está, precisamente, em permitir o desenvolvimento dessa "cisão extrema", dessa "situação de extrema separatividade", ou seja, "em permitir o desenvolvimento do ateísmo". E isto porque, para o nosso pensador, é precisamente do desenvolvimento do ateísmo, da extremação da cisão, da "cisão extrema", que despontará – que poderá despontar!… –, em última instância, essa "nova harmonia" entre "Deus", homem e Natureza. Tal, com efeito, para Marinho, todo o alcance do ateísmo enquanto fenómeno histórico, de todos o mais marcante da modernidade. Na medida em que "a crença em Deus degenerou, arrastando consigo o próprio Deus", o ateísmo moderno acaba por ser a via através da qual a humanidade purificará – poderá purificar!… – a sua relação com "Deus". Tal o que, de uma forma mais ou menos expressa, o próprio Marinho defendeu em diversas passagens da sua obra – a título de exemplo, atentemos nestas: "Tudo se passa como se Deus preferisse ser negado a ser minorado em qualquer forma de antropomorfismo."; "Deus, desde sempre, não confia na fé e no saber dos homens. Ser negado estava também nos seus desígnios."; "...porque se tornou Deus o mais remoto para mim? A resposta é: para que eu me torne dele responsavelmente mais próximo.".
Esse é, aliás, para José Marinho, o "caminho do Oriente", o verdadeiro "caminho do Oriente": o caminho, o infindo caminho, de regresso ao divino…
Ainda que de uma outra forma, foi igualmente essa "nova harmonia" entre "Deus", homem e Natureza, o que Antero de Quental, em última instância, visou. E isto não obstante Antero, ele próprio, ter renegado qualquer originalidade filosófica, nomeadamente numa passagem de uma carta que dirigiu a Jaime Batalha Reis – onde escreveu: "A dita minha Filosofia não é original. É antes uma fusão (não amálgama) do Hegelianismo com a monadologia do Leibniz (…)." –, e, sobretudo, na sua célebre carta a Wilhelm Storck, onde, ao fazer a retrospectiva do seu percurso de vida, e o de toda a sua geração – a primeira, como aí escreve, que em Portugal "saiu decididamente e conscientemente da velha estrada da tradição" –, reconhece que, a partir de certa altura, se sentiu "definitivamente conquistado para o Germanismo", em particular, para a filosofia de Hegel – nas suas próprias palavras: "Li depois muito de Hegel, nas traduções francesas de Vera (pois só mais tarde é que aprendi alemão). Não sei se o entendi bem, nem a independência do meu espírito me consentia ser discípulo: mas é certo que me seduziram as tendências grandiosas daquela estupenda síntese. Em todo o caso, o Hegelianismo foi o ponto de partida das minhas especulações filosóficas, e posso dizer que foi dentro dele que se deu a minha evolução intelectual.".
Tendo sido esse o seu "ponto de partida", não foi contudo esse o seu "ponto de chegada". Ainda nessa sua célebre carta a Wilhelm Storck, assume Antero uma "evolução de pensamento", de tal modo significativa que o levou inclusivamente a renegar o naturalismo de que partira, em prol de um "psiquismo" de pendor espiritualista, de uma monadologia "convenientemente reformada" – ainda nas suas palavras: "O naturalismo apareceu-me, não já como a explicação última das coisas, mas apenas como o sistema exterior, a lei das aparências e a fenomenologia do Ser. No Psiquismo, isto é, no Bem e na Liberdade moral, é que encontrei a explicação última e verdadeira de tudo, não só do homem moral mas de toda a natureza, ainda nos seus momentos físicos e elementares. A monadologia de Leibniz, convenientemente reformada, presta-se perfeitamente a esta interpretação do mundo, ao mesmo tempo naturalista e espiritualista. O espírito é que é o tipo de realidade: a natureza não é mais do que uma longínqua imitação, um vago arremedo, um símbolo obscuro e imperfeito do espírito. O universo tem pois como lei suprema o bem, a essência do espírito. A liberdade, em despeito do determinismo inflexível da natureza, não é uma palavra vã: ela é possível e realiza-se na santidade. Para o santo, o mundo cessou de ser um cárcere: ele é pelo contrário o senhor do mundo, porque é o seu supremo intérprete. Só por ele é que o Universo sabe para que existe: só ele realiza o fim do Universo.".
Tal evolução espiritualista do seu pensamento levou, aliás, a que, como ele próprio refere, fosse "apresentado como budista" por Oliveira Martins, no seu célebre prefácio da primeira edição dos Sonetos. Antero, contudo, ainda na sua carta a Storck, rejeita essa classificação, por muito que reconheça o muito que há "em comum" entre as suas doutrinas e o Budismo, e isto não obstante antever no próprio Budismo, também ele "convenientemente reformado", "a direcção definitiva do pensamento europeu, o Norte para onde se inclina a divina bússola do espírito humano" – ainda nas suas palavras: "O meu amigo Oliveira Martins apresentou-me como um budista. Há, com efeito, muita coisa em comum entre as minhas doutrinas e o Budismo, mas creio que há nelas mais alguma coisa do que isso. Parece-me que é esta a tendência do espírito moderno que, dada a sua direcção e os seus pontos de partida, não pode sair do naturalismo, cada vez em maior estado de bancarrota, senão por esta porta do psicodinamismo ou pampsiquismo. Creio que é este o ponto nodal e o centro de atracção da grande nebulose do pensamento moderno, em via de condensação. Por toda a parte, mas sobretudo na Alemanha, encontra-se sinais claros dessa tendência. O Ocidente produzirá, pois, por seu turno, o seu Budismo, a sua doutrina mística definitiva, mas com mais sólidos alicerces e, por todos os lados, em melhores condições do que o Oriente.".
Pela nossa parte, também rejeitamos essa classificação. Não obstante Antero, em outras cartas, ter quase sacralizado o Budismo, exaltando a sua "grande doutrina", o que nela é alegadamente "eterno e fonte de toda a consolação e bem moral", de "toda a satisfação e alegria" – tese de tal modo excessiva que até o próprio Antero se sentiu obrigado a relativizá-la –, não obstante, como bem observa Sant’Anna Dionísio, ser Antero um pensador propenso "a conceber o final do drama dos seres como uma reabsorção de tipo indostânico, ou seja, como uma terminal assimilação das criaturas no extático e imóvel oceano da substância primordial – o Nirvana", não nos parece, com efeito, que Antero tenha sido um budista. Por uma simples, mas ainda assim suficiente, razão: em momento algum prefigura Antero a plena "anulação do eu", mesmo quando prefigura a "união com Deus". Tal o que desde logo ressalta nas páginas finais das Tendências gerais da filosofia, a obra em que Antero mais expressamente prefigurou essa "união". Mesmo aí, com efeito, insiste Antero em afirmar a subsistência, ainda que "dissolvida", do "eu", do "indivíduo" – nas suas próprias palavras: "O eu limitado, refluindo, se assim se pode dizer, para o seu centro verdadeiro, dissolve-se nalguma coisa de absoluto, já não individualizado mas ainda ligado ao indivíduo (…).". Aliás, no seguimento desta passagem, chega inclusivamente Antero a caracterizar a "união da alma com Deus" como a "união do eu com o seu tipo de perfeição", ou ainda como a "realização na consciência do seu momento último e mais verdadeiro".
Ora, como é sabido, a anulação do "eu", do "indivíduo", da "consciência individual", é, precisamente, um dos principais preceitos budistas…
Quanto muito, aproxima-se Antero desse "Budismo ocidental", que, nessa sua carta a Storck, profetizou. Mas que Budismo será, em concreto, esse?… A essa questão Antero não nos responde. Fala-nos apenas, ainda numa sua outra carta, de uma síntese do Helenismo com o Budismo, de um "Helenismo coroado por um Budismo", síntese que enuncia da seguinte forma: "…o Helenismo, isto é, a vida natural, nos seus diversíssimos tipos, na riqueza da sua evolução, aproximando-se ou afastando-se mais ou menos da compreensão transcendente, cuja expressão é o Budismo, que propriamente se lhe não opõe, mas o completa superiormente.". Eis pois, para Antero, "a direcção definitiva do pensamento europeu, o Norte para onde se inclina a divina bússola do espírito humano": complementar o sentido helénico da diversidade com o sentido unitário do Budismo. A ser assim, o facto de, como verificámos, em momento algum Antero prefigurar a "anulação do eu", a plena "anulação do eu", mesmo quando prefigura a "união com Deus", antes insistindo em afirmar a sua subsistência, ainda que "dissolvida", não é um entrave, mas, ao invés, uma porta aberta a esse "Budismo ocidental", a esse Budismo que, conservando o que o Budismo propriamente dito tem de melhor – o sentido da "unidade entre todos os entes" –, não renega o que em grande medida sustentou, para o bem e para o mal, toda a história da filosofia no Ocidente – o sentido da consciência, da consciência humana, cumulativamente, o sentido da individualidade, irredutível, do homem, de cada um de nós…

Mais um texto sobre anarquia ...


Encontrei um texto muito engraçado sobre anarquia e aqui o deixo para quem se interessa sobre o tema.

"VOCÊ É ANARQUISTA? (a resposta pode ser uma surpresa!)


Há toda a probabilidade de já ter ouvido algo sobre quem são os anarquistas e naquilo em que supostamente acreditam. Há toda a probabilidade de que quase tudo o que ouviu dizer sobre eles seja falso.
Muitas pessoas parece que pensam que os anarquistas são adeptos da violência, do caos e da destruição, que se opõe a todas as formas de ordem e de organização, que são niilistas fanáticos que querem rebentar com tudo.
Na realidade, nada poderia ser mais longe da verdade.
Anarquistas, são as pessoas que simplesmente pensam que os seres humanos podem comportar-se de modo razoável sem terem de ser coagidos a isso.
É uma noção muito simples, realmente.
Mas é aquela noção que os ricos e os poderosos sempre acharam a mais perigosa. Na sua expressão mais simples, as crenças anarquistas giram em torno de duas premissas.

A primeira é que os seres humanos são, em circunstâncias vulgares, tão razoáveis e decentes quanto lhes permitam ser, e portanto que se podem auto-organizar e às suas comunidades sem necessitarem que lhe indiquem como.

A segunda é que o poder corrompe.

Antes do mais, o anarquismo é antes uma questão de ter a coragem de tomar os princípios simples de decência comum pelos quais nos guiamos e de os seguir até às suas conclusões lógicas.
Por muito insólito que isto pareça, em muitos aspectos importantes, você já é anarquista – apenas não se apercebe disso.
Talvez ajude tomar alguns exemplos do dia a dia: ·
Se há uma fila para apanhar um autocarro quase cheio, vai esperar pela sua vez e refrear-se de passar à frente das outras pessoas, mesmo na ausência de polícia? Se respondeu “sim”, então está habituado/a a agir como anarquista!

O princípio anarquista mais fundamental é “auto-organização”: o assumir-se que os seres humanos não precisam ser ameaçados com sanções em ordem a alcançarem um grau de compreensão recíproca de uns com os outros, ou de tratar cada qual com dignidade e respeito. Qualquer pessoa pensa que é capaz de se conduzir de maneira razoável.

Se pensa que a lei e a polícia são necessárias, é apenas porque não acreditem que outras pessoas o sejam. Mas se parar para reflectir, não terão elas o direito de pensar exactamente o mesmo em relação a si?
Os anarquistas argumentam que quase todo o comportamento anti-social que nos faz pensar que é necessária a existência de forces armadas, de polícia, de prisões e de governos para controlar as nossas vidas, é de facto causado pelas desigualdades sistemáticas e injustiça que tais forças armadas, polícia, prisões e governos tornam possível.
É tudo um círculo vicioso. Se as pessoas estão acostumadas a serem tratadas como se as suas opiniões não importam, é provável que se tornem agressivas e cínicas, mesmo violentas – o que, claro, torna a tarefa fácil para os que estão no poder em dizer que as suas opiniões não contam. Logo que se apercebem que as suas opiniões realmente são importantes tal como as de qualquer outra pessoa, tendem a tornar-se muitíssimo mais abertas. Para abreviar uma longa história: os anarquistas acreditam que, em grande parte, é o próprio poder e as consequências desse mesmo poder, que tornam as pessoas estúpidas e irresponsáveis.

· É membro de um clube desportivo ou equipa de desporto ou de qualquer outra organização voluntária onde as decisões não sejam impostas por um chefe mas tomadas na base do consenso geral? Se respondeu “sim”, então pertence a uma organização que trabalha de acordo com os princípios anarquistas!

Outro princípio básico é a associação voluntária. Isto é apenas uma questão de aplicar os princípios democráticos à vida de todos os dias. A única diferença é que os anarquistas acreditam que deveria ser possível que existisse uma sociedade em que cada coisa fosse organizada segundo esses princípios, todos os grupos baseados no consentimento livre de seus membros, e portanto, todo esse estilo de organização de-cima-para-baixo, militar como os exércitos, ou as burocracias ou as grandes corporações, baseadas em cadeias de comando, já não seriam necessárias.
Talvez não acredite que tal seja jamais possível. Talvez sim. Mas de cada vez que chega a um acordo por consenso, em vez de ameaça, cada vez que faz uma combinação voluntária com outra pessoa, chega a um reconhecimento recíproco ou alcança um compromisso tendo na devida consideração a situação ou necessidades particulares do outro, está sendo um/a anarquista, mesmo se não tem consciência disso.
O anarquismo é apenas o modo como as pessoas agem quando têm liberdade para agir de acordo com a sua escolha e quando negoceiam com os outros que são igualmente livres – e portanto, conscientes da responsabilidade face aos outros que isso implica. Isto conduz a outro ponto crucial: enquanto as pessoas podem ser razoáveis e terem consideração enquanto estão intercambiando com iguais, a natureza humana é tal que não se pode acreditar que o façam quando se lhes dá poder sobre os outros. Dê a alguém tal poder, essa pessoa irá abusar dele de uma forma ou de outra.
· Pensa que a maioria dos políticos são porcos egocêntricos, egoístas, que não se importam realmente com o interesse público? Pensa que vivemos num sistema económico que é estúpido e injusto? Se respondeu “sim”, então subscreve a crítica anarquista da sociedade contemporânea – pelo menos nos seus aspectos mais gerais.

Os/as anarquistas pensam que o poder corrompe e que aqueles/as que passam a vida inteira em busca de poder são as últimas pessoas a quem ele deveria ser dado. Os/as anarquistas pensam que o nosso sistema económico actual tem mais probabilidades de premiar as pessoas por comportamentos egoístas ou sem escrúpulos do que as que são seres humanos decentes, preocupados com os outros.
A maioria das pessoas tem esses sentimentos. A única diferença é que a maioria das pessoas não acredita que nada possa ser feito acerca disso ou de que – e é nisto o que os fiéis servidores do poder costumam insistir)
– possa ser feito algo que não acabe por tornar as coisas ainda piores. Mas…e se não fosse verdade?
Haverá realmente uma razão válida para acreditar nisso?
Quando se pode realmente testá-las, a maioria das previsões sobre o que aconteceria sem estados ou capitalismo acaba por se mostrar realmente não fundamentada.
Durante milhares de anos as pessoas viveram sem governos.
Em muitas partes do mundo há povos que vivem for a do controlo dos governos, mesmo nos dias de hoje.
Eles não se andam a matar reciprocamente.
Apenas vivem as suas vidas, como qualquer outra pessoa faria.
Claro que numa sociedade complexa, urbana, tecnológica há muito mais necessidade de organização: mas a tecnologia pode também tornar esses problemas mais fáceis de resolver.
De facto, nem sequer começámos a pensar como seriam as nossas vidas se a tecnologia fosse posta realmente ao serviço das necessidades dos humanos.
Quantas horas precisaríamos de trabalhar em ordem a manter a sociedade funcional – ou seja, se nos víssemos livres das ocupações inúteis ou destrutivas como o telemarketing, os advogados, os guardas prisionais, os analistas financeiros, os peritos de relações humanas, os burocratas e os políticos e redireccionar as nossas melhores cabeças científicas dos sistemas de armamento espaciais ou do mercados de acções para mecanizarem as tarefas maçadoras ou perigosas tais como mineração de carvão ou limpeza da casa de banho, e distribuir o trabalho remanescente por todas as pessoas igualmente?
Quatro horas por dia? três ? duas? Ninguém sabe porque ninguém está sequer a perguntar este tipo de pergunta. Os/as anarquistas pensam que estas são exactamente o tipo de perguntas que deveríamos começar a perguntar.

· Acredita realmente nas coisas que diz aos seus filhos (ou que os seus pais lhe contaram)? "Não importa quem começou." "Dois males não fazem um bem." "Limpa tu mesmo/a o chiqueiro que fizeste" "Faz, pensando nos outros..." "Não sejas mesquinho/a com as pessoas porque te parecem diferentes." Talvez devêssemos decidir se estamos mentindo aos nossos filhos quando lhes falamos do bem e do mal, ou se estamos realmente a tomar a sério as nossas próprias sentenças. Porque se levar estes princípios morais às suas conclusões lógicas, chega ao anarquismo.
Tome o princípio de que dois males somados não produzem um bem. Se tomasse isso realmente a sério, apenas isso bastaria para deitar por terra, quase totalmente, a base de todo o sistema bélico e de justiça criminal.
O mesmo se passa com a partilha: estamos sempre a dizer às crianças que têm da aprender a partilhar, a terem em conta as necessidades de uns e de outros, a ajudarem-se mutuamente; depois, quando vamos para o mundo real assumimos que cada um é naturalmente egoísta e competitivo. Um/a anarquista irá chamar a atenção: de facto, o que dizemos aos nossos filhos está certo.
Muito do que foi alcançado na história da humanidade, cada descoberta ou feito que melhorou a vida das pessoas, veio por cooperação e ajuda mútua; mesmo agora, a maior parte de nós gasta mais com sua família e com os amigos do que connosco próprios; embora, sem dúvida, irá sempre haver pessoas competitivas neste mundo, não é uma razão para a sociedade basear-se no encorajamento de tal comportamento e muito menos fazer as pessoas competir para alcançar as necessidades básicas da vida.
Uma sociedade que apenas encoraja a competição, apenas serve os interesses dos que estão no poder, que querem que vivamos com receio um do outro.

Por isso é que os/as anarquistas propõem uma sociedade baseada não só na associação livre mas também na ajuda mútua. O facto é que a maior parte das crianças cresce acreditando numa moral anarquista e gradualmente têm de aperceber-se que o mundo adulto não funciona dessa maneira.
Eis porque tantos adultos são rebeldes, alienados ou até suicidas enquanto adolescentes, acabando por se resignarem e azedarem quando adultos; a sua única compensação, frequentemente, é ter capacidade para educar os seus próprios filhos e desejar que para estes o mundo seja justo.
Mas porque não começarmos por construir um mundo que seja realmente baseado nos princípios da justiça? Não seria esse o melhor presente que poderíamos dar aos nossos filhos?
· Acredita que o ser humano é fundamentalmente corrupto e mau ou que alguns tipos de pessoas (mulheres, pessoas de cor, povo comum que não é nem rico nem tem estudos) são espécimes inferiores, destinados a serem governados por alguém melhor que eles? Se a sua resposta é “sim”, então, bem, parece que não é anarquista ao fim e ao cabo.
Mas se respondeu “não”, então há probabilidades de que já perfilhe 90% dos princípios anarquistas, e – esperamos - esteja a viver a sua vida de acordo com eles. Sempre que tratar outro ser humano com consideração e respeito está sendo anarquista.
De cada vez que resolve as suas divergências com outros através de um compromisso razoável, ouvindo o que cada um tem para dizer em vez de deixar que alguém decida em nome das restantes, está sendo anarquista. De cada vez que tem oportunidade de forçar alguém a fazer algo, mas, em vez disso, decide apelar ao seu senso de razão ou de justiça, está sendo anarquista.
O mesmo se passa quando partilha algo com um/a amigo/a, ou decide quem vai lavar a loiça, ou outra coisa com um sentido de equidade. Claro, poderá objectar que tudo bem enquanto se trata de pequenos grupos de pessoas que se relacionam mutuamente, mas para gerir uma cidade ou um país, é um assunto totalmente diferente.
E, claro, isto tem razão de ser. Mesmo se descentralizar a sociedade e puser tanto poder quanto possível nas mãos de pequenas comunidades, haverá – apesar de tudo- imensas coisas que precisam de ser coordenadas, desde administrar caminhos de ferro até decidir sobre que aspectos a investigação em medicina se deve debruçar.
Mas apenas porque algo é complicado não quer dizer que não haja maneira de realizá-lo. Apenas quer dizer que será complicado.
De facto, os/as anarquistas têm muitas ideias sobre como é que uma sociedade saudável, democrática deveria autogerir-se. Para as explicar é preciso de ir muito para além deste pequeno texto introdutório; de qualquer forma, não há nenhum/a anarquista que pretenda possuir o modelo perfeito.
A verdade é que nem conseguimos imaginar metade dos problemas que irão surgir quando tentarmos criar uma sociedade democrática; mesmo assim, acreditamos que a capacidade dos humanos está à altura de resolvê-los desde que a humanidade se conserve dentro do espírito de nossos princípios básicos- tais princípios são, ao fim e ao cabo, apenas os princípios de decência humana fundamental."

Nola Anarchy

Um texto interessante sobre a anarquia

Um texto interessante sobre a anarquia ....


O prezado leitor já ouviu dizer ou até já disse: «Nós agora já (’s)tamos no século XXI!... Vivemos numa democracia!...»Frases como estas são tamboriladas, vezes sem conta, até enervar. Já pensou no que elas querem dizer?

Aparentemente, dizer que estamos no século XXI significa que, com tantos milhares de anos de evolução e de experiência, a espécie humana está mais evoluída, mais perfeita... melhor. Dizer que estamos numa democracia significa que todos temos o direito de fazer o que nos apetece e que nos «dá prazer». Se é assim, porque é necessário repetir estas frases com tanta insistência?
A verdade é, porém, muito diferente. Todos sabemos que estas frases são usadas para ridicularizar aqueles que não pensam nem agem segundo os pontos de vista que nos foram impingidos.
Certamente que, em épocas anteriores e em contextos político-ideológicos diferentes se faziam afirmações semelhantes, com a mesma finalidade. O mesmo acontece, nos nossos dias, em contextos político-ideológicos diferentes dos nossos e, igualmente, com a mesma finalidade.
Como estamos profundamente gratos ao caro leitor por ter a ousadia e a heroicidade de ler este singelo e despretensiosíssimo opúsculo, seria demasiadamente cruel feri-lo de alguma forma. Por conseguinte, aqui nunca aparecerão nomes próprios de pessoas, de partidos ou de associações. Se assim não fosse, estaríamos a desqualificar, de fanático ou de pobre de espírito, algum excepcionalíssimo leitor que, porventura, pensasse de forma diferente da nossa! E se este motivo, por si só, já é suficiente, não faltam todos os outros em que qualquer ser humano normal certamente pensa.

Não é nossa vontade criar mais conflitos, nem mais polémicas, nem, tão-pouco, pôr em burburinho o cérebro de ninguém. (Acredite!) Contudo, enquanto o caro leitor estiver a pensar no conteúdo deste opúsculo, não estará a pensar em coisas piores. Não diga que não é bom agitar certas ideias paradas! Ou acha que é melhor deixar a caixinha cogitante transformar-se num pântano de ideias impingidas à martelada? Olhe que, depois de ter dado o último suspiro, não mais lhe interessará ter pensado ou ter agido desta ou daquela maneira, apenas porque achava que os outros também pensavam ou agiam assim! Aproveite a vida, enquanto tem tempo!
Se o que nos distingue dos animais, ditos irracionais, é a nossa capacidade de raciocinar, é fácil concluir que seremos tanto mais HOMENS, quanto mais raciocinarmos com as nossa próprias caixas cogitantes. Aqueles que pensam ou agem de determinada maneira, apenas porque acham que os outros também pensam ou agem assim, não passam de bichinhos com aspecto mais humano que o dos macacos e o dos gorilas... uma espécie de antropomorfopitecos (macacos com forma humana) contemporâneos.

Teosofia


Para dar cabo da cabeça á minha amiga Maria das Neves (Anuviada para os amigos), coloquei uns textozinhos sobre Teosofia que foi algo fundado por Helena Petrovna Blavatsky.
Aviso desde já á partida por aquilo que li, que acho isto uma treta (desculpa Maria mas essa é a minha primeira impressão).



Um Pequeno histórico


O termo Teosofia é derivado do grego Theos (Deus) e sofia (sabedoria) e significa sabedoria de ou acerca de Deus.
Num sentido geral, teosofia abrange um espectro amplo de filosofias ocultas ou místicas, de natureza panteístas. A tradição ocidental da teosofia é derivada da tradição hermética da Renascença e pós-Renascença.
A figura mais importante, referente a Sociedade Teosófica, foi sua fundadora Helena Petrovna Blavatsky, com um numeroso trabalho escrito, incluindo-se Isis Sem Véu (2 vols. 1877) e sua mais famosa obra A Doutrina Secreta (2 vols. 1888). A fundação da Sociedade Teosófica (17 de novembro de 1875), teve a participação de H. S. Olcott e de W. Q. Judge. Blavatsky escreveu várias teorias que disse ter recebido dos "mahatmas" ou mestres da Índia antiga. A Sociedade Teosófica cresceu rapidamente na Europa e nos Estados Unidos, seus dois adeptos mais influentes foram Annie Besant e Rudolf Steiner.
Depois da morte de Madame Blavatsky, em 1891, houve uma batalha para a liderança da sociedade, da qual Annie Besant emergiu como líder na Europa e Ásia, ao passo que W. Q. Judge dirigiu o movimento nos Estados Unidos. Sob Besant a sociedade prosperou. Em 1911 apresentou Krishnamurti, seu filho adotivo, como o mais recente Messias encarnado, ao redor de quem ela funda a Ordem da Estrela da Índia. Ação que parece ter provocado Steiner, quem, com um número grande de seguidores se afastou da Sociedade Teosófica e fundou a Sociedade Antroposófica.
As várias divisões e subdivisões continuaram desde aquele tempo e influenciou numerosas figuras literárias. Os grupos continuam a transmitir as publicações e os ensinos Teosóficos, disseminando-os por todo o mundo.

O conceito de Deus na Teosofia
O Teosofismo é um sistema religioso completamente sincretista, tem um pouco de cada religião e ensina que todas as religiões tem um pouco da verdade e que se juntássemos todas elas, teríamos a religião perfeita.
Para ela, Deus é impessoal e a Trindade é apenas de nome, sendo constituída de Força, Sabedoria e Atividade. Ensina ainda que Deus tem uma quarta pessoa que é feminina, que Ele se utiliza para poder manifestar-Se. A Segunda Pessoa da Trindade (Sabedoria) teria duas naturezas, uma espiritual: a Razão, e outra material: o Amor. Resumindo: Deus, no sentido espiritual, é composto de três pessoas: Força, Sabedoria e Atividade. Por outro lado, no sentido material, se manifesta através da Matéria.


Cristo na Teosofia

Segundo a Teosofia, a raça humana teve vários estágios, que chamam de sub-raça, sendo que a atual é a quinta sub-raça. Cada uma delas presta uma contribuição especial a humanidade. A contribuição da sub-raça atual é promover o homem intelectual. A da próxima, será o homem espiritual.
A cada sub-raça, no seu início, surge um Cristo, ou seja, o Supremo Mestre do Mundo, encarna em alguém. Então, a atual raça-tronco Ariana (a terceira) já teve cinco Cristos, ou, cinco encarnações do Supremo Mestre do Mundo, que foram:
Buda, na Índia (primeira sub-raça).
Hermes, no Egito (segunda sub-raça).
Zoroastro, na Pérsia (terceira sub-raça).
Orfeu, na Grécia (quarta sub-raça).
Jesus, na Palestina (quinta sub-raça).
O Teosofismo afirma que Jesus e Cristo são pessoas distintas e que Cristo usou o corpo de Jesus quando este abandonou o seu corpo. Que estamos na iminência do surgimento de um novo Cristo que irá surgir com a próxima sub-raça (a sexta) e que este Cristo será muito mais poderoso e irá reunir todas as religiões numa só. Ensina ainda que todos os homens, pela evolução, serão Cristos, todo homem é um Cristo em potencial.

Plano de Salvação da Teosofia

Ensina a Sociedade Teosófica que a reencarnação é o processo de desenvolvimento humano, em que todo crescimento é governado pela lei de justiça ou Carma. Que a peregrinação obrigatória de cada alma, por numerosos ciclos de encarnações, é um fator natural.
A Teosofia admite que o homem não possui nenhum privilégio especial, exceto os que ele venha a ganhar por seus esforços e mérito. Jesus, Buda e os "mahatmas", são indivíduos aperfeiçoados e grandes mestres, são universais e a flor da evolução.
A Teosofia é vinculada a religiões ocultas?
O teosofismo é, sem nenhuma dúvida, uma ramificação do espiritismo e como este, diz que é uma religião, uma ciência e uma filosofia.
Suas crenças e ensinos são inspirados e originários do Oriente, mais precisamente da Índia e do Tibete. São crenças pagãs, aliadas a um sistema falsamente chamado filosófico, também oriental. Deste modo, o teosofismo cresceu de braços dados com o paganismo oriental, hindu e budista.
Toda a sabedoria do teosofismo é derivada e foi transmitida pelos "mahatmas" (mestres, sábios), que são, na linguagem teosófica, "homens divinos feitos perfeitos". Os "mahatmas" podem viver no céu ou nos "montes sagrados" do Tibete, para auxiliarem a humanidade em sua evolução. Há um chefe acima de todos os "mahatmas" chamado "Supremo Mestre" que quando se encarna, surge um novo Cristo.

Caso queiram saber mais sobre Teosofia e saibam ingles aqui está a pagina para o inicio da Tesofia.